Amarildo Rungo

Magias do Pano

Fundação Fernando Leite Couto

Texto

O trabalho de Amarildo Rungo está intimamente ligado à sua própria personalidade e à sua vivência no mundo artístico contemporâneo. A sua faculdade criativa traduz-se num emaranhado de emoções e sentimentos indispensáveis na produção da Arte.

Ligado à arte performativa, enquanto criador e mediador com o público, Rungo desenvolve uma instalação em progresso, limitada pelo espaço da galeria. Fascina-nos a utilização e transformação da matéria que, pelo poder do artista e de quem utiliza o engenho que a sua vivência e influência social lhe concede, transformam em benefício da arte o que outros chamam desperdício.

Nesta instalação intitulada “Magias do pano” surge-me a ideia de que, falar de arte contemporânea constitui por si uma experiência mágica. A forma como os artistas conseguem encontrar a sua própria voz e a coragem para continuar a criar, a intimidar e a impressionar o público para quem falam, exprimindo-se das mais diversas maneiras constitui a verdadeira magia em que a Arte de hoje se transforma na Arte de amanhã.

Nesta instalação de Xingufos (bolas de pano usadas nos jogos de infância) e linhas de recortes de panos coloridos que as sustentam nas paredes do espaço que as limita, acontece o renascer do Xingufo e o retorno a uma infância de jogos, de procura, de experiências de encontros e desencontros.

Amarildo Rundo é tudo isso, expansivo, inovativo e experimental no limiar do momento de criar algo totalmente novo, cometido na procura de um sentido estético e do mundo que o rodeia, celebrando a cor e a forma, celebrando a vida e a humanidade numa perfusão de bolas coloridas que desfilam aos nossos olhos, presas por fios de contacto.

Yolanda Couto