Múrmurios do Baú D’Arte
Kulungwana | Maputo
Introdução
A Carmen Muianga, que conheci ainda menina, com o sorriso largo e tímido que ainda mantém, completa agora 25 anos de carreira. Foi um segredo arrancado ao silêncio com que reveste a sua vida. E assim, a Kulungwana, em jeito de homenagem, tentou mostrar nesta exposição algumas das suas obras mais antigas, pertencentes a colecionadores particulares, e de outras ainda desconhecidas do grande público.
Seria quase desnecessário dizer que a actividade se inicia logo no início da década de 90, ao lado de outros colegas da Escola Nacional de Artes Visuais, como Gemuce, Kheto Luluali, Celestino Mondlane, Francisco Conde, e outros, ao lado de outros importantes nomes das artes plásticas moçambicanas, como Reinata Sadimba, Samuel Zandamela ou Berry Bickle. A Carmen faria, ainda nos finais desta década, a sua primeira individual no Atelier-Galeria Eugénio Lemos, contando com o apoio de Ulisses Oviedo e o reconhecimento explícito de Augusto Cabral, que fez a sua apresentação no catálogo da exposição.
Mas o que me espantou desde sempre na Carmen Muianga é o seu domínio dos materiais e suportes com os quais trabalha. Na gravura, na pintura e no desenho, a artista revela sempre a mesma exigência e rigor. E foi isso que os seus companheiros de percurso devem ter desde cedo descoberto.
A frequência da Escola Nacional de Arte, em Moçambique, a que se seguiria o ensino médio e superior na Escola Nacional de Artes Plásticas em Havana (Cuba), com especialização em gravura, devem ter sido determinantes para a sua actividade. Exercício este que se tem centrado, fundamentalmente, na gravura, onde recebeu reconhecimento internacional, em representação do país, na Expo’98 (Lisboa) e na IV Trienal de Gravura do Japão (1999).
Ainda neste âmbito, Carmen é pioneira na técnica da colagrafia em Moçambique. A sua primeira individual, realizada em Março de 1999, era composta por 15 obras, nesta técnica. Depois disso, tem divulgado a mesma no país e no estrangeiro, orientado workshops sobre a mesma.
Parte desta terceira individual, composta por desenhos inéditos, é resultado da actividade a que a artista se tem dedicado nos últimos tempos. A artista inicia assim um outro ciclo da sua actividade, depois da longa e aturada pesquisa que realizou em gravura.
António Sopa
Maputo, 14 de Junho de 2019
Informação
Exposição aberta de 18 de Julho a 16 de Agosto de 2019.
Galeria Kulungwana - Estação Central CFM, Praça dos Trabalhadores, Maputo, Moçambique